Preso na semana passada pela suspeita de abrigar Lázaro Barbosa em uma propriedade rural, o fazendeiro Elmi Caetano Evangelista, de 73 anos, foi indiciado pela Polícia Civil por ajudar o criminoso a fugir da força-tarefa em Cocalzinho de Goiás e por posse ilegal de arma de fogo. Segundo o delegado que investiga o caso, Raphael Barboza, o homem continua preso.
O G1 pediu um posicionamento da defesa do fazendeiro sobre o indiciamento, às 14h20, por mensagem e aguarda retorno. Ele sempre negou qualquer envolvimento com Lázaro Barbosa.
A morte do fugitivo aconteceu na segunda-feira (28) após buscas que duraram 20 dias com a participação de mais de 270 policiais. Ele foi baleado durante confronto com a Polícia Militar.
Dias antes de ser preso, o fazendeiro abordou o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, durante buscas para dar pistas falsas sobre o paradeiro do fugitivo.
Em buscas por matas da região, no sábado (19), o secretário contou que foi abordado por ele na porta da fazenda. O homem relatou que Lázaro teria fugido para outra propriedade da região, enquanto o abrigava na sua casa.
“Quando eu voltava, um senhor nos parou na porta de uma fazenda, era o [fazendeiro preso], me falando que o Lázaro tinha passado na propriedade dele, amassado uma cerca e que estava na propriedade vizinha”, contou Miranda ao Podcast do Fantástico.
Contrainformação
Seis dias depois do primeiro encontro, o secretário voltou à região na quinta-feira (24) para prender duas pessoas suspeitas de ajudar a fuga. Chegando ao portão da fazenda, Miranda relata que se lembrou do local e do fazendeiro.
Miranda disse que não sabe ainda o tamanho desse grupo, mas que há suspeita de que as pessoas que o ajudavam tenham relação com algum crime que ele tenha cometido.
Autoria confirmada
O secretário de Segurança Pública explicou que a morte de Lázaro não encerra todas as investigações sobre o caso.
O depoimento de um major do da PM relata que o caseiro revelou uma relação de proximidade entre o fazendeiro e a família de Lázaro. O patrão teria prestado auxílio financeiro aos familiares quando o irmão de Lázaro morreu.
A mãe e o tio do fugitivo já trabalharam para o fazendeiro. No dia em que a polícia conseguiu entrar na casa, um militar viu o nome do tio de Lázaro escrito com tinta numa parede da residência.
Ameaças
As investigações já haviam apontado que o criminoso também forçava as vítimas a tiraram as roupas e as obrigava a cozinhar para ele.
Foi o que aconteceu quando ele fez um casal e a filha adolescente reféns. Segundo o irmão da garota, os parentes que foram ameaçados pelo criminoso contaram que precisaram se despir e eram ameaçados constantemente.
Os policiais descobriram ainda que Lázaro, ao invadir as chácaras, pegava alimentos e itens de higiene para se manter em fuga. Imagens feitas por uma moradora e outras por policiais mostram casas todas reviradas, que podem ter sido alvos de Lázaro.
Segundo a Polícia Civil, os crimes em que as investigações apontaram que Lázaro agiu sozinho serão arquivadas. No entanto, os inquéritos em que há indícios de participação de outras pessoas seguem sendo apurados.
O boletim de ocorrência revela que os policiais atiraram 125 vezes durante a troca de tiros. A Secretaria Municipal de Saúde de Águas Lindas, onde Lázaro teria sido atendido antes de morrer, informou que ele foi atingido por pelo menos 38 tiros.
O secretário de Segurança afirmou que o suspeito descarregou uma pistola contra os policiais. Com ele, foi encontrado um revólver calibre 38, uma pistola, munições, dinheiro e alimentos.
Após ser baleado, Lázaro foi socorrido com vida, mas morreu a caminho do Hospital Municipal Bom Jesus, em Águas Lindas de Goiás, segundo Miranda.
Muitos populares se reuniram na porta da unidade de saúde. No local, também havia viaturas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (Samu), Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil.
A Secretaria Municipal de Trânsito (SMT) ajudou a controlar o acesso de veículos da avenida em frente à unidade.
Às 11h10, um carro do Instituto Médico Legal chegou ao hospital de Águas Lindas para buscar o corpo e levá-lo para Goiânia.
Segundo a Polícia Técnico-Científica, apenas depois dos exames será possível identificar a quantidade de disparos de arma de fogo atingiu o suspeito.
* Com informações do G1