
Lázaro Barbosa é o criminoso que segue foragido pelo nono dia após matar toda uma família em Goiás, região de Ceilândia. O que poucos sabem é que estas não foram as primeiras vítimas de um homem frio, calculista e extremamente violento.
Uma família feita refém por Lázaro durante um assalto ocorrido em 2009, ainda carrega na memória os momentos de terror. O caso ocorreu em uma chácara no Córrego das Corujas, região de Ceilândia, distante cerca de 10 quilômetros do local onde a família Vidal foi assassinada.
A mãe da família, que prefere não se identificar por medo, informou que não moram mais no local porque após serem feitos reféns, Lázaro voltou para a região para matá-los.
De acordo com ela, Lázaro e o irmão Deusdete, na época, estavam capinando um terreno vizinho. “Eles passaram três semanas trabalhando para um conhecido nosso. Sabiam muito bem como era toda aquela área. Até que num sábado de muita chuva eles foram ao nosso armazém”, relata.
Os dois passaram o dia inteiro no local e gastaram cerca de R$ 70. Conversaram, jogaram sinuca e foram embora.
Eles arrombaram a porta da sala, renderam os presentes, mandaram que eles tirassem a roupa e trancaram todos no banheiro.
“A gente foi espancado e eles ainda acharam um facão antigo nosso e passaram a ameaçar. Eles queriam dinheiro, mas tinham sido os únicos clientes do dia. Não tinha nada para dar. Com raiva, passaram a dizer que iam matar todos nós”, lembra.
Ao ver que não teriam uma quantia grande para levar, os irmãos pegaram a sobrinha da dona do estabelecimento e a levaram para o fundo da chácara.
“Estupraram ela. Eles tentaram fugir de carro, mas ele quebrou no meio do caminho. A gente ainda estava trancado no banheiro quando eles voltaram. Tentaram arrombar a porta. Ainda bem que não conseguiram. Acho que se tivessem entrado, tinham nos matado”, diz.
Só na manhã seguinte, quando tudo já estava mais calmo, a família conseguiu sair do banheiro. Pediram socorro aos vizinhos e imediatamente foram para a delegacia.
“Foi a mesma coisa desta vez agora. Colocaram a polícia toda atrás dele no mato, mas não acharam. O que a menina que foi estuprada me disse é que teve uma hora que o helicóptero passou bem pertinho deles, que estavam escondidos numa moita. O Lázaro tapou a boca dela e ninguém viu nada”, destaca.
A jovem tinha 19 anos na época em que foi estuprada. Ela lembra que foi levada para a beira do córrego, momento em que os irmãos tiraram o capuz que usavam.
Apesar dos momentos de terror, ela ainda tentou convencer Lázaro, que estava mais calmo, a desistir da violência e do estupro.
“Eu recitei um salmo para ele, falei de Deus. Perguntei por qual motivo iam fazer isso, mas não tinha motivo. Só falava que tinha que fazer”, contou.
A mulher lembrou que ficou horas sendo subjugada pelos irmãos até o dia amanhecer: “Comecei a ouvir barulho de cachorros, vozes ao longe e um helicóptero passava perto. Achei que eles iam me matar, porque vi o rosto deles. Mandaram eu dar uns passos para frente e, quando virei, já não estavam mais lá”.
Chacina com requintes de crueldade
Lázaro é suspeito de matar Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Ele ainda sequestrou Cleonice Marques de Andrade, 43 anos, esposa de Cláudio e mãe das outras vítimas. O crime ocorreu na madrugada da terça-feira (8).
O corpo dela foi encontrado no sábado, em um matagal. O cadáver estava sem roupa e com um corte nas nádegas, em uma zona de mata perto da BR-070.
A morte de Cleonice reflete a crueldade de Lázaro. O criminoso, autor da chacina que ainda tirou a vida do marido e dos dois filhos da mulher, permanece foragido há seis dias. Caçado por uma coalização de forças policiais, o maníaco matou a mulher com um tiro na cabeça.
Um forte aparato policial segue mobilizado na mata à procura do criminoso, que está foragido há nove dias. Na tarde de terça (15), Lázaro baleou de raspão um policial durante troca de tiros.
O autor da chacina no Distrito Federal também fez três reféns em Edilândia. Na fuga, o criminoso passou por uma chácara e escondeu reféns sob folhas para que não fossem vistos pelas buscas aéreas da polícia. Eles foram encontrados com vida. As vítimas são pai, mãe e filha, de 48, 40 e 15 anos, respectivamente.
*Metrópoles