
Manaus – Na hora da alimentação, o constante aumento no preço das carnes tem elevado a procura dos manauaras pelos ovos. Com isso, em Manaus, o valor médio da cartela com 30 unidades da proteína sofreu um aumento de 14,28%, saltando de R$ 14,22 em janeiro para R$ 16,25 em abril, de acordo com a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Amazonas (CDC/Aleam). Além da alta na procura, o preço da ração das aves continua crescendo para os produtores.
O levantamento do CDC/Aleam ainda demonstra que o valor da cesta básica acumulou alta de 6% nos primeiros quatro meses de 2021 e que o ovo foi um dos alimentos que mais encareceu. Com isso, as famílias manauaras estão ficando sem alternativa no momento de comprar e consumir as proteínas mais importantes.
A profissional de limpeza Adriana Gomes, 38, é uma das que está vivendo sem opções em conta para alimentar sua família. Ao reduzir drasticamente o consumo de carne por conta da inflação, ela lamenta que a situação está se tornando a mesma com os ovos.
“A gente não consome muita carne vermelha aqui em casa, porque está muito cara. Então, as opções são o frango e o peixe mesmo. Mesmo assim, estão caros e os ovos também. Uma unidade de ovo chega a custar R$ 0,75 e isso é muito”, desabafa Adriana.
Outra consumidora insatisfeita com a alta no preço desse alimento é a dona de casa Maria Goreth Santos, 34. Na casa dela, os ovos estão presentes no café da manhã, no almoço e, às vezes, no lanche. No seu bairro, em Nova Vitória, na Zona Leste de Manaus, ainda é possível encontrar uma cartela de 30 unidades no valor de R$ 13,00, porém, em um tamanho menor.
“Eu achei que aumentou muito o valor. E ovos aqui em casa não duram por um longo tempo. Em menos de dez dias costumamos consumir umacartela de 30 ovos, porque meus filhos gostam bastante”, conta Maria Goreth.

Demanda maior que a oferta
Segundo o secretário executivo adjunto da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), Airton Schneider, a produção de ovos no Amazonas está crescendo, mas a demanda é maior do que a oferta. Justamente por não produzir o suficiente, o estado depende de avicultores de outras regiões do país, principalmente do Mato Grosso.
Outro fator que deve ser levado em consideração, de acordo com Schneider, é o aumento no valor da ração, composta de milho, para alimentar as aves. “O preço é estabelecido pelo custo de produção e logística de chegada e oferta do mercado. Com a entrada da Europa e da China em compra forte do milho produzido no Amazonas, isso acabou elevando o preço na compra e venda, o que – por sua vez – refletiu no valor final do ovo”, esclarece.
Para o economista Origenes Martins, o alto valor da cesta básica e da carne geraram um aumento sob os outros produtos alimentícios. Segundo ele, ao trocar a carne bovina pelo frango, os consumidores também encareceram esse alimento.
“Tudo isso fez com que as pessoas buscassem, desesperadamente, por um substituto que, além de barato, também fosse uma proteína. E o ovo veio a calhar. No entanto, esse aumento na demanda e o preço do milho acabaram por proporcionar também um aumento no valor do ovo, que estava sendo a opção de muitas famílias desempregadas no estado”, analisa Martins.