A 176 quilômetros de Manaus, a cidade de Itacoatiara chamou a atenção das autoridades sanitárias do Amazonas nos últimos dias. Desde 22 de agosto, dezenas de moradores do local apresentam um quadro chamado rabdomiólise, marcado pela destruição das fibras que compõem os músculos do corpo.
No mesmo período, indivíduos de outros cinco municípios do Amazonas (Silves, Manaus, Parintins, Caapiranga e Autazes) também foram diagnosticados com a mesma condição.
Todos os 44 casos registrados até o momento estão sendo investigados, mas a principal suspeita é que esses indivíduos tenham sido acometidos pela doença de Haff, conhecida popularmente como “doença da urina preta”.
Conhecida desde a década de 1920, a enfermidade está relacionada a uma toxina que é encontrada em peixes e crustáceos. É justamente essa substância que provoca as lesões nos músculos e pode até danificar seriamente os rins.
No Brasil, os primeiros casos foram identificados em 2008 e 2009. O momento de maior gravidade aconteceu em 2017, quando a Bahia contabilizou 71 pacientes com a doença, 66 deles na capital Salvador.
SINTOMAS E DIAGNÓSTICO
Como é rara e pouco estudada, a doença de Haff não possui uma lisa fechada de manifestações. Os principais incômodos são dores musculares poucas horas após o consumo de peixes e crustáceos. Alguns pacientes também apresentam dor no peito, falta de ar, sensação de dormência, náusea, tontura e fraqueza.
Outro sintoma característico é a urina escura (daí seu nome popular), que se assemelha à cor do café.
Acredita-se que o causador do distúrbio seja alguma toxina encontrada em espécies de peixes (como salmão, pacu, enguia e vários outros, tanto de água salgada quanto de água doce) e crustáceos (como lagostas, lagostins e camarões).
Por ora, as autoridades locais seguem investigando os casos. Desde 2017, outros casos suspeitos ou confirmados da doença de Haff foram relatados não apenas no Amazonas, mas também no Ceará, Alagoas, Bahia, Pernambuco e Goiás.
*Folha de S. Paulo