
Aos 73 anos, Maria Albina Oliveira é conhecida como a “vovó do Uber” na cidade de Santos, litoral de São Paulo. Motorista de aplicativo há três anos e meio, ela contou a Tilt que seu gosto por aventura nunca se esgota. Para ela, cada viagem realizada em seu Mobi preto, que ela chama carinhosamente de “meu neguinho”, é uma história nova, um novo personagem, uma paisagem diferente. Maria Albina é portuguesa, nascida numa aldeia com 3.700 habitantes chamada Murtosa, na região de Aveiro. Veio para o Brasil ainda menina, com a família que vinha tentar a vida no país e escolheu Santos, na Baixada Santista, para fixar moradia. Aprendeu corte e costura aos 12 anos. Trabalhou com um famoso estilista santista. Foi corretora de imóveis. Teve três filhos e três casamentos, nenhum deles oficial. Hoje, é motorista de Uber e diz que não possui a menor intenção de parar.
Maria Albina trabalha todos os dias, no horário da manhã, das 7h às 10h30, e depois no horário da tarde, das 16h às 20h. A carteira de motorista ela tirou em 1968, quando tinha 20 anos. Nunca mais parou de dirigir desde então, mas essa é a primeira vez que dirige profissionalmente.
O trabalho, na sua opinião, é o que lhe dá forças para continuar viva e com disposição. Ainda mais porque, no seu caso, ele é exercido de forma livre e espontânea. “Já fiz de tudo nessa vida. Andei de helicóptero, de iate, de avião, de veleiro, de trem. Eu já fui motoqueira também. Eu tinha uma Honda 900, com ela fui com meu namorado até o Paraguai e voltamos. A gente revezava na direção. O que eu mais gostava era de andar de moto na chuva forte. Eu abria os braços, era uma delícia, uma sensação de liberdade indescritível. Eu gosto de aventura, apesar de hoje estar mais quietinha”.
Quietinha, mas não muito. Quando comentou, em meados de 2017, com os filhos Valdir, 44, Nicolas, 43, e Cláudia, 48, que ia trabalhar como motorista de aplicativo, todos riram dela. Principalmente os homens.
“Eles achavam que eu ia desistir na primeira semana. Principalmente porque eu não sou uma mulher muito ligada em tecnologia. Realmente, as primeiras semanas foram muito difíceis para mim. Eu mal sabia mexer no WhatsApp. Também não imaginava como era complicado mexer no GPS”, conta a vovó, lembrando que já foi parar em muito “fim de mundo” por conta justamente do GPS.

*UOL